“…e em honra a São João, nosso patrono”
Nos rituais do Rito Escocês Antigo e a Aceito, ao abrir os trabalhos, e mais tarde, ao encerrar, é comum encontrar uma referência a um certo João. Mas qual seria o João ao qual clama o ritual maçônico?
Precisamente, existem três os Joãos aos quais podem ser referenciados. João Batista, nascido em 24 de junho. Foi o que anunciou a chegada de Cristo. Faleceu decapitado numa das prisões de Herodes por capricho de Herodia, então esposa de Herodes.
João, o Evangelista, conhecido como “o discípulo que Jesus amava”. Faleceu com quase 100 anos, após possivelmente ter escritos os livros que compõem parte do novo testamento, e tem seu dia guardado como 27 de dezembro.
Por último e não menos importante, João, o Esmoler, ou, João de Jerusalém. Tem seu dia datado como sendo 23 de janeiro. João Esmoler, teve um papel importantíssimo na difusão do cristianismo.
Você conhecia a existência destes três joãos? Abordaremos de forma breve, quem foi cada um deles!
João Batista, 24 de junho.
João Batista é um velho conhecido dos leitores do novo testamento. Tido como anunciador do próprio Jesus Cristo, João tinha como sua maior característica, além da virtude e convicção ao que achava ser certo, era o homem que batizava em águas. Tendo batizado o próprio Jesus, anunciava o reinado deste que foi o verdadeiro percussor do catolicismo como conhecemos.
João Batista, diferente do salvador, pregava pelos desertos da Judéia contra o império romano, anunciando a chegada do Messias. Por insultar o imperador romano, Herodes, João acabou preso e morto na fortaleza de Machaerus dez meses após sua prisão.
João, o Evangelista, 27 de dezembro.
João, o discípulo querido, como também é conhecido, é aceito pelos historiadores como o mais recente dos evangelhos escritos. Estava por volta dos vinte, á vinte e cinco anos de idade quando os principais fatos ocorreram. É lembrado por estar ao lado de Jesus nos momentos mais difíceis, sendo considerado até mesmo, como o único discípulo que não fugiu, diante da prisão e crucificação do mestre.
Conta-se também, que a ele foi incumbido, diretamente por Jesus, da tarefa de cuidar de Maria, Mãe de Jesus.
Discípulo amado e virtuoso, João foi um dos únicos apóstolos ao qual a tradição conta, que teve uma morte tranquila. Não sendo assassinado, veio a falecer por conta da velhice na Ásia Menor, especialmente em Éfeso, onde veio a falecer.
João de Jerusalém, ou (Esmoler), 23 de janeiro
João de Jerusalém nasceu no ano de 550 D.C. Na ilha de Chipre, ao sul da Itália. Era de família nobre. Após o infortúnio de perder a esposa e seu único filho, dedicou-se a vida religiosa.
João viajou para Alexandria com seus bens e lá se instalando, passou a ajudar todos os necessitados que encontrava, ao ponto até de fazer uma lista com seus nomes. João não ajudava somente os pobres, mas todo aquele que o procurava, independentemente de qualquer classe.
Existe uma passagem em que um homem chega até ele, pedindo algum tipo de auxílio, mas após verificado que este homem não necessitava verdadeiramente de auxílios, João, mesmo assim, mandou dar-lhe o que pedia, pois: “Poderia ser deus lhe testando”.
Severo contra a Simonia, o Esmoler erradicou a corrupção nas dioceses em que estava presente, ou em qualquer outra em que ligava diretamente ao seu nome. A importância desse feito merece importância, já que esta prática era comum naqueles dias, (não sendo estender aos dias atuais).
O fato de João visitar os hospitais locais por até três vezes na semana, auxiliando aqueles que precisavam, uma ordem foi criada em 1099, o exaltando como padroeiro. A Ordem dos Cavaleiros Hospitalários de Jerusalém, ou Ordem de São João de Jerusalém. Fato esse que alguns historiadores o confundem como próprio fundador desta ordem, o que seria impossível, levando em consideração que em torno de quase 400 anos separam a existência do santo, para o nascimento da Ordem.
Divergências temporais e históricas a parte, João Esmoler teve grande prestígio quando Jerusalém foi atacada pelos persas em 614. Na ocasião, enviou dinheiro e suprimentos aos cristãos que lá se encontravam. Mas a onda persa atingiu também Alexandria, forçando o Esmoler a retornar para sua cidade natal, na ilha de Chipre, já na velhice, falecendo no ano de 616.
Mas a pergunta persiste. Qual o João?
Antes de começarmos, de certa forma, a iluminar o caminho que as dúvidas fizeram questão de tornar mais escuro, precisamos levantar alguns fatos que possuem relevância.
No ritual de Iniciação da Grande Loja, que seguem o Rito escocês Antigo e Aceito, encontramos a referência ao Batista numa determinada cena. Nesta ocasião, se torna imperativa a associação a São João, o Batista, se levarmos em conta a fala do Venerável Mestre. Cujo seu assassinato foi a exaltação da injustiça, e adoração aos vícios da lascívia e do poder imperial.
Mas, se não nos prendermos unicamente a este ritual, já que a Maçonaria possui diversos ritos em funcionamento. Nos limitar a uma única explicação é ignorar de plena consciência, que tudo que é diferente, ou que não conhecemos, não é certo, ou não deve ser levado em conta. Vemos algo parecido em algumas vertentes religiosas. Situações estas em que a lógica, não nos permite, apesar de sermos tolerantes, ser flexíveis.
João, o Evangelista, com sua virtude e coragem, se manteve perto do salvador até seu último momento. A virtude que esse discípulo em particular sustenta, o manteve como mais próximo do mestre, segundo remonta a tradição, ao ponto de ser a ele incutido a tarefa de cuidar da mãe de Jesus, tamanha era sua proximidade com Jesus.
Já nos referindo a João, o Esmoler, o que nos remete aos seus feitos, é a grande importância dada à caridade. Escutamos a cada sessão, a importância da caridade. Na verdade, muitos entendem que a caridade é a tarefa principal da Maçonaria.
Se mantivermos a caridade como a grande razão de existir da Maçonaria, acabamos por colocar João, o Esmoler, como o baluarte e patrono da benfeitoria maçônica. Quando associada ao histórico deste santo, também patrono dos Hospitalários e exemplo de virtude a ser seguido. Não resta dúvida que o Esmoler, é o patrono da Maçonaria. Mas, a verdadeira missão da maçonaria é a caridade? Seriamos uma versão moderna dos hospitalários?
Viemos com este artigo, com o intuito de alargar o poder de questionamento e possibilidades para os argumentos. Que venham fazer o buscador da verdade, refletir, refletir e questionar, muito mais do que elucidador seus questionamentos.
E na sua opinião, o verdadeiro patrono da maçonaria é João, o Batista, por sua convicção, cuja sua morte, relembra a de uma lenda na Maçonaria, a virtude atacada pelo vício?
É João, o Evangelista, por ser virtuoso e amado por cristo. Ou João, o Esmoler, que é o verdadeiro sinônimo da caridade?
Deixe seu comentário e promova a reflexão através de seus argumentos! Grande abraço e até o próximo artigo!
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