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O Pavimento Mosáico

 

O aroma do incenso, após a Egrégora formada, inicia-se a marcha dos pedreiros, com passos determinados para cumprir os seus trabalhos. A direção é a entrada do templo, a imagem majestosa que lhes salta aos olhos é o pavimento mosaico, ladeado pelas colunas e um altar resplandecente ao fundo. Sem sombras de dúvida, uma imagem que, mesmo que o tempo passe, não se apaga de nossas mentes com facilidade. 

O Pavimento Mosaico, umas das maiores alegorias físicas do templo maçônico, a muito desperta curiosidades e diverge entre seus significados. Entre tanto, a dualidade tem tido maior aceitação, talvez pela maior simplicidade e de fácil assimilação, encerrando por completo, debates que perdurariam em incríveis explicações filosóficas que nutririam páginas e páginas de livros. 

Mas como tudo na maçonaria exige um grau maior de observância, e o cuidado maior quanto a dedução de seus significados, pois a dualidade pode não expressar por completo este tão complexo símbolo, talvez deixemos de enxergar a totalidade dos sentidos. Sentidos estes que pode variar principalmente se seguirmos fatos históricos, como por exemplo: Quando o Rei Henrique VIII ordenou que fosse impresso a Bíblia em inglês, ou como ficou mais conhecida: A Bíblia de Genebra. Essa Bíblia trazia a ilustração de uma gravura do Templo de Salomão e um pavimento, que possivelmente seria colorido, mas sucumbiu a dualidade de cores devido a deficiência dos métodos utilizados para impressão. 

A Lenda diz que no êxodo: “Moises adornou o chão do Tabernáculo com pedras coloridas.” E por sua vez referindo-se ao Templo de Salomão: “Salomão Cobriu o pavimento com tábuas de cipreste.” 

“Reis Cap. 1 Vers. 15” 

Apesar de toda congruência, a dualidade atribuída ao Pavimento Mosaico não é exclusividade da Maçonaria. A Carta 2 do Tarô, La Papesse (ou a Papisa) traz a gravura de uma mulher segurando um livro que na capa esboça o Ying e Yang, sentada num trono sobre um Pavimento Mosaico. O significado desta carta, além de outros, é a dualidade. 

O Pavimento Quadriculado também teve extrema importância nos templos Sumérios, onde somente o Sacerdote pisava em dias santos. Lendas e costumes que atravessaram séculos e mergulharam em várias culturas e credos, que por sua vez, deram origem a outros ritos praticados pela Maçonaria. 

Direcionando a Maçonaria, existem também divergências ao tamanho e formato do Pavimento Mosaico. Alguns templos ostentam um pequeno retângulo no centro da loja, a circulação se dá em volta do pavimento, nunca devendo ser pisado, com reserva ao Maçom que fará a abertura do livro da Lei. Já no R∴ E∴ A∴ A∴ o Pavimento Mosaico deve cobrir a extensão do Ocidente por completo. 

O branco e o preto exaltados em suas diferenças, mostram o poder da dualidade, a luz ou ausência dela, o bem e o mal, as trevas da ignorância e a luz do conhecimento, a luta da virtude contra o vício. Lembra que o profano, antes de ser iniciado, perambulava em trevas, mas após sua iniciação, recebe a luz que lhe permite ver mais ao longe, com seu trabalho que começa de dia e terminando somente à noite. 

Então o homem Maçom começa sua jornada, que passa pela dualidade e seus desafios. Sabe que o pavimento ao qual caminha, é um reflexo dele próprio. Mostrando as virtudes que possui e os vícios que precisam ser extintos. Mostra que não é perfeito, mas que a perfeição nunca deve deixar de ser buscada. Que existem fases em que a luz brilha mais que a escuridão, mas também, fases em que tudo o que se tem, é apenas a ausência de luz. 

A luz só faz sentido na escuridão. 

Poucos são os símbolos que exigem do maçom a auto-observação. Jung vai de encontro a essa ideia em uma de suas frases mais famosas: “Ninguém se torna iluminado por observar figuras de luz, antes observe sua própria escuridão”. Já Osvald Wirth observa: “Nossas percepções resultam de contrastes. Elas é que criam o contestável, no sentido de que, sem elas, a uniformidade escaparia a nossa percepção e se confundiria com o nada”. 

Para uma compreensão mais abrangente da dualidade exposta neste importante adorno, deve-se observar além das cores. Entender que o branco e o preto são separados por uma linha muito tênue, e que esse material ao mesmo tempo os liga, transformando num único Símbolo. 

No ritual de aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito pode-se dizer que o Pavimento Mosaico é lembrado de forma velada na fala do Chanceler, durante a abertura dos trabalhos, quando explana sobre o que é a Maçonaria. A União das mais diferentes raças, ocasiões e circunstâncias. A união de todos os maçons do mundo, independentemente de seu País, sua cor, sua crença ou potência.  

 O Pavimento Mosaico mostra que: Quando o Maçom está sobre ele, exercendo seu ofício, lapidando sua pedra, em qualquer lugar da extensão do nosso planeta, acaba por perceber que branco e o preto não são diferentes, são peças complementares de uma mesma engrenagem divina.  

Terminamos com uma citação de C.W. Leadbeater: “… assim, pois ao observarem o nosso enxadrezado pavimento, os que compreenderem o seu significado se recordarão constantemente da ideia da onipresente vida”. 

Obras que poderão aumentar o seu alargamento intelectual sobre o tema: 

A Simbólica Maçônica; 1948: BOUCHER, Jules. 

A Vida Oculta na Maçonaria; 1926: LEADBEATER, C.W.

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