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O Avental, a Insígnia do Maçom

Na vestimenta Maçônica, um dos adornos que acaba por atrair a maior curiosidade é o Avental. É uma das maiores características da Maçonaria atualmente. Com adornos, desenhos e cores diferentes, vimos personagens ilustres da história mundial, utilizando esse adorno em famosas pinturas espalhadas pelo mundo. 

A famosa pintura que retrata George Washington assentando a pedra angular do Capitólio é apenas um dos exemplos onde podemos ver figuras históricas vestindo o Avental Maçônico. Mas por que o Maçom precisa usar o avental? 

Convido você leitor, a viajar com a gente nas páginas da história para desvendar por que essa peça do vestuário Maçônico é tão importante! 

“O avental constitui o essencial dos adornos do Maçom” 

Jules Boucher em: A Simbólica Maçônica; p3 11

O avental maçônico, devido sua extrema importância, é o primeiro paramento a ser recebido pelo iniciado. Depois deste ato, jamais um obreiro deverá comparecer ao seu trabalho sem o seu Avental. Muito antes dos sinais, toques e palavras, o Avental é apresentado ao iniciado e acaba por determinar onde o obreiro deve tomar seu lugar no templo. Uma espécie de linguagem muda que somente os iniciados na Arte Real podem entender. 

Munido de seu Avental, o Aprendiz dá início ao seu labor. Dotado apenas com as ferramentas que seu intelecto lhe permite utilizar, dá então o início ao processo de lapidação do seu próprio ser. Mas falar sobre o Avental Maçônico é complexo. Sua história é tão variada, que se perde na história da própria Maçonaria. Utilizamos como referência para nos nortear em nossa busca, as palavras de alguns escritores que se tornaram verdadeiras autoridades nos estudos Maçônicos. Lembrando que ao final do artigo, estão as obras utilizadas aqui, e que poderão fazer parte da sua biblioteca!  

Podemos rastrear já nas sociedades primitivas a importância destas vestes nas. Era comum as iniciações destes povos, quando da passagem da puberdade para fase adulta do futuro guerreiro. O Avental, ou tanga, já eram apresentados ao iniciado, como um objeto sagrado. E acabava por ser o grande símbolo deste guerreiro, pois nos combates, ao perder, o vencedor levava como emblema de sua vitória, o avental do derrotado. 

Existem estudos escritos que trazem a importância ritualística do Avental, em várias sociedades que nos antecederam. Segundo Albert. G Mackey, em sua obra  Symbolism of Freemasonry, sacerdotes Judeus utilizavam avental de couro ou linho em suas práticas no templo. Já os Essênios, obrigavam-se a trazer em volta dos rins, um Avental durante a sagrada prática do banho.  

Se utilizando do bom senso, pedimos ao buscador, cautela ao relevar as informações que aqui lerem a seguir: 

Existem alguns autores que divagam, sem nenhuma fonte concreta sobre a origem, e importância do Avental. C.W. Leadbeater, por exemplo, fala sobre a origem do avental, sem citar nenhuma fonte, apenas se valendo de sua “clarividência”. 

Em sua obra:  A Vida Oculta na Maçonaria Leadbeater nos diz: 

“O nosso avental moderno se desviou um tanto da forma que teve no antigo Egito, e sem dúvida se modificou quando as perseguições eclesiásticas obrigaram a união dos maçons especulativos com os práticos.” 

A Vida Oculta na Maçonaria – C.W. Leadbeater

Com a reponsabilidade de trazer um conteúdo lúcido, onde o buscador pode nutrir seu intelecto sem máculas, O Compasso se obriga a mostrar algumas informações que devem ser úteis aos estudantes e aos interessados. Fica aí, o cuidado que o buscador deve ter em fazer suas pesquisas. Maçonaria é sim um assunto que provoca reflexões, e por ser reservada, existem fontes que se valem destes prestígios para publicar seus “Achismos”. Do contrário Leo Taxil jamais teria feito algum sucesso com suas publicações. 

Trazendo agora alguns fatos mais seguros, podemos dizer que os aventais aos quais se espelham a Maçonaria de hoje, são encontrados nas corporações de artesãos e pedreiros da idade média, ao qual usavam o avental, de pele de carneiro ou cordeiro, não só para proteção dos seus corpos durante o trabalho, mas também, como um método prático e seguro para os transportes de suas ferramentas particulares.  

César Cantu nos apresenta em sua obra: História Universal, um contrato assinado sob o reinado do Rei Henrique VI, da Inglaterra (1422-1471).  Nele ficou combinado que entre os sacristãos de uma paróquia em Suffolk, e uma sociedade de maçons, que cada operário receberia um avental branco de pele e um par de luvas do mesmo material, e que para eles, seria levantada um alojamento com telhas. 

Nicola Aslan também fornece muito subsídio sobre o tema dos Aventais na Maçonaria operativa. Na sua obra: Estudos Maçônicos sobre Simbolismo: 

“Como Regra o empregador devia providenciar aventais; por exemplo o mosteiro de York, em 1355 fornece seus pedreiros de túnicas, aventais e tamancos”. 

 Estudos Maçônicos sobe Simbolismo. Pg. 168

Nas lojas inglesas fazia parte de um contrato entre mestre e aprendiz, onde o mestre devia fornecer o Avental ao aprendiz. Já nas lojas operativas escocesas, havia um costume peculiar. O aprendiz ao ser aceito, deveria “vestir a loja”, ou seja, fornecer a cada um dos membros da loja um Avental ou um certo valor em dinheiro. Seria aí uma “joia”? 

No início da era especulativa da Maçonaria, o Avental, não passava de uma pele de cordeiro desalinhada, de cor branca de onde pendiam barbantes para atar ao corpo, com tamanhos variados. Cada operário, guiado por seu próprio gosto cultivava seu Avental. Todos os membros usavam o Avental branco, independente do grau ao qual era investido. 

Mas era comum o inconveniente desta peça acabar por danificar as roupas finas da alta sociedade que agora integrava as ordens maçônicas no início do século XVIII. Após a união das lojas da Inglaterra, ouve uma certa padronização do Avental, bem como do seu uso, quando passou a ser colocado, forros de seda e mais tarde, foram acontecendo muitas variações e costumes que, mesmo se tratando da simbologia, ainda perduram através dos tempos. As diferenças na decoração, cor e até mesmo, a forma de usar o Avental, são encontradas no livro: O Ofício do Maçom, de Harry Carr, que você pode adquirir no link logo ao final deste artigo. Uma obra que não pode faltar na biblioteca de qualquer estudioso de Maçonaria. Nele o autor retrata com bastante profundidade, as variações que se vê ainda nos dias de hoje, entre as lojas e potências maçônicas.  

A Grande Loja da Inglaterra, além do Avental, exigia que o obreiro frequentasse a loja, com roupas limpas e um par de luvas brancas, fazendo referência a pureza. Tamanho era o asseio exigido, que não tardou a estes maçons, exibirem seus trajes em ocasiões públicas como procissões, enterros e inaugurações, ocasião que ocorriam zombarias por parte da civilização comum. Após um édito realizado por um Mui Venerável Grão-Mestre, exigindo que os trajes maçônicos fossem utilizados apenas nas sessões, se tornando apropriado apenas ao recinto da loja.  

Das simples peles desalinhadas do início da Maçonaria especulativa até o final do século XVIII, os aventais foram se tornando verdadeiras obras de arte. Passaram a ser decorados por pintores profissionais que davam ao objeto, fantásticos desenhos, que exaltavam o simbolismo emblemático da Maçonaria. Muitos deles são exibidos no Museu da Grande Loja. 

Com o passar dos anos, com a diferenças de ritos e com as diferentes potências maçônicas existentes, as formas de usar esta indumentária e seu formato, variam muito. Mas a obrigação de se fazer presente em loja continua.  

No Brasil, atualmente são reconhecidos sete ritos vigentes, R∴ E∴ A∴ A∴, Rito Moderno, Rito de York, Rito Brasileiro, Rito Adonhiramita, Rito Schroeder e Rito Escocês Retificado. Em cada um deles o Aprendiz deve trajar o avental branco, símbolo de sua pureza e inocência. Já no grau de Companheiro Maçom, encontramos algumas variações. Algumas potencias, trazem desenhos no avental do Companheiro. Já no R∴ E∴ A∴ A∴ por exemplo, o Avental se mantém o mesmo de aprendiz, apenas fazendo o uso com a abeta abaixada. 

No Grau de Mestre, as variações são maiores entre os sete ritos, onde cada um leva seu simbolismo, nutrindo a variedade e a simbologia da Maçonaria universal. Mas o significado continua sendo o mesmo. 

Viajamos um pouco sobre o simbolismo do Avental, trazendo suas diferenças, tanto no uso, quanto em suas formas, nos mais diferentes ritos e potências Maçônicas, para tentar, mesmo que de uma forma mais superficial, nutrir o conhecimento dos iniciados na senda. Respondendo então à pergunta feita no início do artigo: Mas por que o Maçom precisa usar o Avental? 

Em Maçonaria, os títulos da vida profana, assim como a religião, posses e riquezas, são deixados de lado. Ele é apenas identificado pelo Avental que veste. Sendo ainda normal que, quando o iniciado recebe o avental branco, ainda esteja nutrido de alguma vaidade. Vício esse que é duramente combatido durante sua vivência como aprendiz. Ao atingir o segundo grau, seu Avental agora diferente, imprime no iniciado, a força para se aprimorar nas artes tornando-se um verdadeiro foco de luz no canteiro. Posteriormente, atinge o mestrado, onde recebe uma nova insígnia e sua missão é dada, de forma permanente. Para concluir, o Avental significa trabalho, dizendo que o obreiro está limpo e pronto para o desbaste. Lembrando que jamais, o iniciado deve se perder no caminho. Nunca deve parar de lapidar e polir sua pedra. 

Falar sobre o Avental é um enorme desafio. São muitas as referências que se encontram espalhadas pela literatura maçônica. Mas tentamos, de uma forma sóbria, trazer algumas curiosidades e explicação seguras, onde o buscador pode se valer para nutrir seu intelecto com o que há de melhor nas fontes tidas como seguras. Assunto este que é tão variável e vasto. Esperamos que você leitor, tenha gostado desta viagem, e não esqueça de adquirir as obras que estão referenciadas ao final deste artigo! 

Grande abraço! 

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